sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

“Que o céu exista, ainda que nosso lugar seja o inferno.” ( Jorge Luis Borges )

Penso, nesse momento, na possibilidade, que creio remota, de que a vida humana possa durar por mais algumas gerações sobre nosso maltratado planeta.
Lembro-me então da frase que titula essa postagem, e que pode resumir a intervenção do ser humano sobre nosso lar no Universo.
Desde a Revolução Industrial, nos meados do século XVIII, até o presente momento, muito pouco se fez para curar as feridas da Terra agonizante. A indústria, de mãos dadas com o consumo desenfreado, aceleram um processo irreversível.
Algumas pessoas dizem que, com o avanço do conhecimento, novas maneiras de combater a poluição, aliadas a uma legislação ambiental mais rígida, coibirão a catástrofe.
Não é exatamente isso que vejo.
Se alguém puder me mostrar onde estou errado, ficarei aliviado, quase feliz.
Desde a invenção da máquina a vapor, os bens de consumo tomaram todas as esferas da sociedade. Não mais os nobres, mas as pessoas da baixa classe, tornaram-se o alvo da venda dos mais variados produtos. Até a escravidão, um dos mais antigos resquícios de barbarismo sobre a terra, foi erradicada, em nome da transformação de escravos em clientes, compradores em potencial.
Florestas foram erradicadas, rios envenenados.
Massas de trabalhadores transferiram-se do campo para as cidades, pequenas engrenagens de uma máquina colossal. O ar das cidades inchadas tornou-se cinza, e esses burgos, outrora calmos, cresceram como uma célula cancerosa, sem qualquer controle.
Muitos argumentariam que o povo, que não significava grande coisa, a não ser na época da colheita e da guerra, teve acesso aos seus "sonhos de consumo". E tiveram finalmente peso político, e só por isso já valia a pena qualquer consequencia funesta do desenvolvimento industrial. Tudo bem.
Vou direto ao ponto. As massas puderam participar do grande circo econômico. Mas ninguém, massa, governo, elite, preocupou-se com o envenenamento global.
Caminho pelas ruas, vejo pessoas, tanto bem-vestidas como maltrapilhas, atirando seu lixo na calçada, sem qualquer pudor. Mães e filhos, pais e filhas, livrando-se de papéis de bala, embalagens, danificando o ambiente, cada vez mais.
As mudanças de temperatura são cada vez mais evidentes, e não há consenso sobre quais medidas devem ser tomadas. Pois ninguém quer cortar empregos em seus países, pois o dano político votos a menos) faz qualquer político arrepiar-se, até a medula... (se você ainda duvida, veja mais uma pequena evidência do que estou dizendo...  http://www.canalrural.com.br/canalrural/jsp/default.jsp?uf=2&section=Clima&id=3198299&action=noticias)
Se algo não for feito, e logo, não haverá eleição, nem votos, pois as baratas não votam. Mortos não comparecem às seções eleitorais.
Se o céu existir, que fique lá, inalcansável, pois nós o destruiríamos, com nossa gana de consumir.
O inferno parece ser o melhor lugar para nós , assassinos de uma obra divina.

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