quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Friburgo, Teresópolis, Petrópolis...


Hoje percebo que o assunto do post (a tragédia que se abateu sobre a Serra Fluminense) já saiu da mídia.
Fico aqui sentado e pensando. Todo começo de ano observo uma nova tragédia relacionada aos ajuntamentos populacionais.
O foco aqui não é discutir o inchaço das cidades, seus bolsões de miséria, o destino de pessoas sem qualificação para viver numa sociedade que forçosamente terá que ser mais disciplinada, no que tange a utilização dos recursos para sua sobrevivência, e por conseguinte, muito mais competitiva.
O problema é o seguinte : o poder público nunca organizou o crescimento dos bairros, dotando-os de eixos de transporte público, águas, esgotos, escolas, ambulatórios. Nunca houve um diálogo entre as ansiedades dos que vem e as necessidades de quem os recebe. Não se estabeleceu um pacto.
As eleições vem, e com elas, tratores, varredores de rua, discursos.  Os votos são a única coisa que o poder público busca junto a esses novos cidadãos.
As cidades incham. As eleições acontecem a cada dois, quatro, oito anos...
Como se fosse de repente, acontece o que não estava no script. Mudanças climáticas, resultado de um processo novo (a Revolução Industrial  do século XVIII, menos de trezentos anos atrás...) levam a novo regime de chuvas, elevam e abaixam a temperatura , causam chuvas e secas devastadoras, com ciclos cada vez menores. Os oceanos vão aumentar de volume e sua temperatura vai mudar. É irreversível. O planeta entrou numa era de mudanças, numa velocidade cada vez maior, efeito de mudanças que o homem introduziu sem testar. Nossa vida atual está sendo testada.
Nossos filhos, netos, e demais gerações sempre se perguntarão por que tiveram que enfrentar problemas climáticos cada vez mais complexos.
Onde quero chegar ? Não sou alarmista, mas realista. Creio que chegou a hora de, por um lado, o poder público e o cidadão comum  amadurecerem para a questão. Cidades terão que ser repensadas. Populações terão que ser movidas. Áreas terão que ser preservadas a força. As pessoas não poderão viver onde querem, mas apenas onde é seguro. Leis deverão amparar o uso do solo de modo racional, e regular o modo de gerenciar o crescimento, fiscalizando e cobrando o governante com rigor, assim como punindo com igual rigor aquele que expõe a sua vida a risco, assim como a de sua família. Democracia sim, mas com mais responsabilidade.
Acho que a “ficha ainda não caiu” para a maioria das pessoas. As TV’s já se esqueceram dos mais de oitocentos que morreram no mês passado. Só espero que aqueles que agora esquecem as vítimas não estejam numa área de risco nas próximas estações chuvosas.


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